segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Deja vú

Eu te conheço. Eu sei como tudo vai acabar. Pra você é questão de jogo: ganhar ou perder. Pra você era questão de honra concorrer. Será que eu fiquei bem 'na sua estante'? Ou na tela, que você pintou como bem quis? Retrato impressionista, sem uma gota de realismo. A boneca de porcelana que você pensa que conquistou, adiquirou, comprou, fisgou, patenteou, era de argila.
Essa história já começou com the end previsivel. Essa novela em que eu sou a vilã sem causa, me faz sentir numa grande roda gigante, que gira, gira e sempre pára no mesmo lugar. Esse roteiro que eu sinto não ter escrito, está me engolindo, me sugando, me cegando. Eu no abismo do seu querer, caminho pra você, me perdendo de mim, me anulando, sem saber do que eu gosto, me esquecendo do que eu quero, e de quem eu sou. Eu caminho nessa estrada que é você, a esmo, sem saber o que é viver, vou cedendo, vou deixando, me acomodando pra não te perder. Mais uma vez, você apela para os argumentos sentimentais, você quer me coagir pelo seu amor, quer me amedrontar com o seu amor. Quer me sufocar com o seu amor. Todos os caminhos convergem pra você. Perdoar é o meu vício, mas esse conto de bruxas tem tudo pra dar em tragédia, os ingredientes gregos clássicos: adultério, ciúme, mentira, loucura! Longe de tudo e de todos, talvez fossemos felizes. Talvez. nem toda historia de amor tem final feliz. Não estou disposto a esquecer seu rosto de vez... A distância intensifica os sentimentos, há 3metros de distância você parecia mais atraente do que nunca. Mas aquele a quem eu desejo, não é o meu amor, é um louco. é alguém que não conheço, eu não conheço os seus limites, o seu potencial destrutivo. Eu não conhecia esse meu lado Amélia, Maria da Penha. Eu não sabia que a malíca da mulher pode ser a perdição de um homem. E a verdade é seu "dom de iludir", eu ainda prefiro as "mentiras sinceras". Deixe-me! Esqueça-me! Afaste-se, a vida é mais! O amor também deve ser mais! Deve ser algo mais generoso, mais simples, mais bobo! O amor deve ser amigo da liberdade e com ela trepar de vez em quando pra sentir o gosto bom do gozo gratuito! Esse grito contido, esse choro gemido, essa garganta angustiada é coisa de mulher antiga, interiorana, subjugada, oriental. Como eu não tenho a menor vocação pra comedida, deixa eu cá, apreciando os poemas eróticos, os homens na calçada, a música depravada, a doce sensação de não ter nada, de não ter selo! Querer o fim nunca se quer. Ver alguém ir embora é sempre uma dor. Eu não consigo viver assim. Por que você me olha se você não me vê? Ah! Cada um pro seu lado, nada de lágrimas, nem lamentações, clichês anunciados. Cada dia é outro pecado. Será que Deus vai perdoar o meu pecado da permissividade? Miss Algrave perguntou "será que eu vou ter que pagar um preço muito alto pela minha felicidade?" o preço é carissimo, nada mais nada menos que a sua alma! E nos olhos de estátua já não se vê mais nada, a não ser pavor.