sábado, 31 de março de 2007

DIVINO

Deixa-me contemplar em silêncio o templo do teu corpo!
Deixa-me gozar da paz absoluta de repousar em teu templo santo!
Enquanto minh'alma reza veemente pela salvação,
permaneço nessa adoração contínua e sublime.
Ungida pela benção pagã das tuas mãos,
a comunhão liberta os meus sentidos com a virulência típica do transe.
Ainda em êxtase, regozijo-me secretamente, imovelmente por esta celebração.
Ademais, resta o dia e os outros pecados.
Aqui dentro, como um ritual, o meu templo coabita o teu.
Começo a amanhecer...quanta luz, muito forte.
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Toda luz emana de você!

março, 2007
Maçã de Adão, Toonman.


LEMBRANÇAS

Sinto meu corpo febril nas noites.
Tudo jogado
largado
no leito
tudo lateja
quente

Lembro seu gosto nas coxas trêmulas.
Suor jorrando feito água
limpa
das costas
quentes


sua perna entre minhas pernas
vítimas do milagre
encaixam-se
harmônicas

uma mão ardente
pousa
no ventre fértil
concedente

um toque
o mais sutil de todos
passeia
na nascente
dos desejos:
é a língua
roçando
no seio
que bate
no rítimo
do seu querer
e do meu querer
desesperado

fevereiro, 2007
ACUSAÇÃO

-Não tem rima, não tem métrica, não é belo, tem apenas uma queixa:

Não me venha com mentiras
confio na minha intuição
não posso me trair
embora tenha tentado
exaustivamente

Você ofendeu as minhas boas intenções
você quase me fez acreditar

Diga que é sincero
peça desculpas
mude de conduta
chega!
não me esconda o jogo
minta!
pra dizer o que eu quero ouvir
você me confunde
repita as promessas
não faça promessas

melhor você se redimir
melhor começar a pagar
vá penando
enquanto eu vou pensando
numa maneira de te perdoar.

Janeiro, 2007
CEGUEIRA

Você nunca vai ler o meu poema
não vou deixar, não vou deixar!

Você nunca vai saber
o quanto é bonito
oque eu sinto

Você nunca vai entender
uma palavra do que eu digo

pois, a sua estupidez,
meu bem,
lhe cega!

12 de Janeiro, 2007

O grito, Edvard Munch - 1893
VISLUMBRE

O amor devia ser uma tarde verde
ensolarada
abandonados na grama
o som das risadas
invadindo o espaço

e o vento
intruso
espiando debaixo da saia

a aguá jorrando das bocas
que não mais ardem
beijam.

Janeiro, também chuvoso, 2007.

Giardino Fiorito, Van Gogh - 1888




SOBERBO

A felicidade é uma coisa soberba.
Tanto,
que parece que vou explodir
em gritos
de gozos
e risos

a cada minuto
que olho seus olhos
cegos
e mudos.

Enigma é você,
mas quero que me desvendes

dezembro chuvoso de 2006