domingo, 10 de maio de 2009

Histórias de amor

Histórias de amor não são como em filmes, como nos contos de fadas, finais felizes. Histórias de amor são histórias de desencontros. Ou talvez sejam como em filmes, como em Closer. A primeira vez que assisti a esse filme eu não gostei. Achei nojento, agressivo, pessimista. Na verdade, todos gostamos de finais felizes. Todos esperamos finais felizes, seja nos livros, seja nos filmes, seja na vida. Acho que eu era boba de mais, inocente de mais. Continuo boba, infantil, até inocente. Mas nem tanto. Acontece que Closer é realista. Porque na vida, não existe um único amor. São sempre histórias de amor que se cruzam, se misturam, se sobrepõem, fazendo um buraco enorme, uma ferida fechada e aberta várias vezes.Não, não sejamos hipócritas ao ponto de afirmar que há um único e verdadeiro amor. De dizer que esquecemos pra sempre Aquela pessoa... Há pessoas que a gente nunca esquece mesmo, desistimos. Não sejamos moralistas para dizer que não é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. Existe um tabu: a monogamia. Existe uma mentira: a fidelidade eterna. Nos apegamos ao valores alheio. Mas e o coração? Ele não se deixa levar?Somos seres dotados de muito amor. Saímos despejando por aí. Às vezes, levianamente. às vezes a gente reserva pra alguém especial. Mas fica ainda tanta coisa por viver. Não é que não possamos amar e querer intensamente uma só pessoa. A gente fica procurando no outro, pra não ter que desprezar tudo daquele outro, pra justamente, continuar. Na maioria dos casos, nada sai como planejado. Eu nunca consigo levar minhas decisões até o fim. Eu sempre prometo que não vou me envolver. "Chega, já foram emoções de mais".Amor é inimigo do egoísmo. E a gente quer a(s), pessoa(s) que amamos só pra gente. Não é contraditorio? É uma fatalidade. Na verdade, eu não consigo administrar esse sentimento. Ninguém suporta. Chega a hora de optar. Eu sou que nem a Calcanhotto, eu detesto escolher. Eu sempre quero tudo. Todo relacionamento já começa fadado ao fracasso. Porque a carne é permissiva. E porque a gente é grande de mais pra caber num rótulo.Closer me choca sempre. é porque as histórias de amor são sempre assim: Existe um breve momento de plenitude e existem os outros momentos. A gente se apaixona tantas vezes. Se apaixona pela pessoa certa na hora errada, pela errada na hora errada, ou talvez, quem você ame ama outra pessoa ou não te ama como você ama. A gente corre pros braços de quem nos ama e descobre que não adianta, precisa voltar pra quem não te ama, mas que é quem se ama.O encontro é sempre eterno. Os desencontros são inevitáveis. Eu sempre tenho a impressão de que a vida é uma roda gigante e que eu não consigo controlar nada... que as coisas vão acontecendo, acontecendo, acontecendo. E eu ai, vítima dos meus erros. Talvez quem você ama só esteja transando com outra pessoa. Talvez você só transe com outra pessoa pra esquecer quem você ama. Talvez não haja dor. Mas é tudo tão intenso. Sexo nunca é só sexo. A gente nunca esquece quem entra na gente. A pessoa que ama nunca esquece que você transou com outra pessoa. Daí, tem uma hora que ninguém aguenta mais. é o desencontro final.Histórias de amor não são lineares, não são definitivas, não são únicas. Pra sempre sempre acaba, não é mesmo? Eu sempre insisto no pra sempre. Afinal, algum dia eu vou ter que viver em paz, não é? Talvez não dependa de mim nem de você. Seja a roda da vida, querendo gozar da nossa cara. Enquanto a gente recomeça e termina e se cruza e se encontra de novo, sem saber pra onde vai.

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